Lição 07 – Estevão-Um Mártir Avivado (Orlando S. Boyer)

TEXTO EXPOSITIVO DE ATOS 6. E 7
Orland S. Boyer

Estêvão foi um dos sete membros escolhidos para cuidarem dos necessitados da igreja, para que os apóstolos ficassem livres para proclamar a Palavra de Deus. Contudo o testemunho público desse homem era tão ousado, tão claro, tão penetrante que foi selado com o martírio, marcando a primeira época na história da Igreja. A história desse “leigo” dá ênfase ao fato que a evangelização do mundo nunca se realizará pelos “ministros da Palavra” sem o auxílio de todos os outros membros da Igreja.
E Estêvão… (v.8): A palavra “Estevão” quer dizer “coroa”. O mártir (testemunha) morre por suas convicções porque já era mártir; a fogueira, as pedradas, etc. não o tornam mártir, mas revelam o fato de que ele já o era.

ESTÊVÃO, UMA VIDA CHEIA: Grande é o contraste entre a vida de alguns, sempre vazia, e a vida curta, mas cheia e transbordante de Estêvão. Vede E f 5.18.


I. Estêvão, o diácono, era cheio, v. 5). Dá a entender que as qualificações de Estêvão eram tão manifestas que foi o primeiro dos sete a ser escolhido. Bem-aventurada a igreja que tem tais diáconos. Seria bom que os que não andam cheios de fé e do Espírito Santo entregassem seus cargos. Estêvão não foi escolhido porque recebera o batismo no Espírito Santo, mas porque era cheio de fé viva e de fogo do Espírito Santo – a saída de sua vida era uma correnteza constante.


II. Estêvão, o evangelista, era cheio, v. 8. Estêvão, o diácono cheio do Espírito, tornou-se logo o pregador cheio de fé e de poder. Era, conforme algumas versões, cheio de mansidão e de energia. Era um Boanerges (“filho de trovão”, Mc 3.17), e ao mesmo tempo um Barnabé (“filho de consolação”, Atos 4.36). Sua vida exemplificava a de seu Mestre que era o “Leão da tribo de Judá”, e ao mesmo tempo o “Cordeiro de Deus”.


III. Estêvão, o mártir, continuava cheio do Espírito Santo. cap. 7.55. Continuava a transbordar. Seu rosto brilhava (cap. 6.15) revelando o fogo que lhe ardia dentro. Fixava os olhos nos céus, não nas coisas terrestres. Assim não sentia as dores das pedradas, mas o gozo dos céus. Em Jerusalém havia uma sinagoga de judeus nascidos na Cilicia, outra dos nascidos em Alexandria, etc. E essas sinagogas eram também, as escolas, que instruíram os filhos desses judeus.

E não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com que falava (v. 10): Não se diz que não podiam resistir a Estêvão, mas à sabedoria e ao espírito com que falava. Não podiam sustentar seus próprios argumentos nem refutar os de Estêvão. Aquele que tem mais que argumento (v.8), sempre prevalece em todo o argumento. E cumprimento da palavra de Cristo: “Eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem”, Lc 21.15. Maior é o que está em nós do que o que está no mundo, 1 João 4.4.

E excitaram o povo… e, investindo contra ele… (v.12): Sobrevieram-lhe juntos, quando não o esperava, e o atacaram, como um leão faz a sua presa.

Apresentaram falsas testemunhas (v. 13): Fizeram com Estêvão, como fizeram a seu Mestre, Mt 26.59.

Eram falsas as testemunhas, porque havia algo da verdade no seu depoimento, contudo deram um sentido pervertido e melancólico às palavras que o acusado proferira.

Então todos… no conselho(v.15): Os sacerdotes, os escribas e os anciãos. É assim que, muitas vezes, se descobre ou a culpa ou a inocência do preso. Ora o rosto de Estêvão parecia o dum anjo. A glória da sua alma, transfigurada pelo Espírito de Deus dentro dele, brilhava no seu rosto. Deus assim testificava ao Sinédrio que Estêvão não ensinara contra Moisés, como as testemunhas testificaram que tinha feito. Deus não faria que o rosto desse servo brilhasse como brilhara o rosto de Moisés, se tivesse falado contra Moisés.

Estêvão está no banco dos réus, perante o grande tribunal da nação, autuado de blasfêmia contra Moisés e contra Deus. O discurso, que pronunciou na sua defesa, ocupa mais espaço que o de qualquer outro livro de Atos. Isso indica, talvez, a grande importância do evento que marca o início de outra grande fase 110 progresso do reino de Deus (Vede cap. 8.1)

A defesa de Estêvão foi um argumento histórico, em que se justificou da acusação de blasfêmia e provou que os juízes eram culpados de vil incredulidade. Estêvão demonstrou sua sabedoria, preferindo usar um argumento histórico porque não havia outro método para ganhar a atenção dos seus ouvintes judaicos, prontos a investir contra ele.

Disse o sumo sacerdote: Porventura é isto assim, (v.l): Deram a Estêvão a oportunidade de fazer a sua defesa, mas, esquecido do seu próprio perigo, pregou para a salvação dos seus perseguidores.

E ele disse… (v.2): Estêvão, com seu rosto brilhando como o rosto de um anjo (6.15), iniciou um dos mais notáveis discursos registrados.

O Deus da glória apareceu a Abraão… (v.2): Observe-se como Estêvão conhecia as Escrituras, manejando bem a Palavra da Verdade, 2 Tm 2.15. Os que estão cheios do Espírito Santo, estão cheios, também, da Palavra, sendo poderosos nas Escrituras (Compare Atos 18.24).

II. O APEDREJAMENTO DE ESTÊVÃO, 7.54-60.

As palavras, com que Estêvão findou sua defesa, serviram para descobrir a profunda corrupção de seus perseguidores. Enfureciam-se em seus corações, e rangam os dentes contra ele, v.54. Via-se a malícia conjurada, o inferno solto, homens transformados em demônios encarnados, a semente da serpente vomitando veneno.

Antes de prender a Estêvão, não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com que falava, (cap. 6.10). Os esforços do Sinédrio para provar sua culpa, recaíram sobre suas próprias cabeças. A exasperação do Sinédrio foi ainda maior porque a acusação que Estêvão lançou nos seus rostos não foi apenas um rasgo de paixão, mas a declaração do justo julgamento de Deus, apoiado pelas Escrituras que citara.

Viu a glória de deus (v.55): Quantos outros mártires, desde o dia da morte de Estêvão, na hora de martírio, ficaram encantados pela visão celestial até não sentirem mais receio nem as dores do seu suplício?! Se é glorioso estar cheio do Espírito Santo entre os irmãos durante um avivamento, quanto mais na hora da morte?!

Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé… (v.56): O Senhor Jesus levantara-se do trono para receber Seu discípulo. Estêvão, em vez de olhar em redor para ver os membros do Sinédrio enfurecidos e tentar um meio para escapar das suas mãos, fixou os olhos naquilo que é verdadeiro. Deus, os céus, a eternidade, as coisas espirituais são muito mais reais do que o ouro deste mundo, do que os cuidados e os divertimento com que nos preocupamos.

Os membros do Sinédrio viam somente o teto da câmara onde estavam reunidos, ou, se foi em um átrio do Templo, o céu azul. Mas para Estêvão os céus foram abertos para que contemplasse a glória celestial.

Ao primeiro mártir da Igreja de Cristo foi permitido, enquanto ainda estava em pé na terra, ver o Cordeiro de Deus nos céus, parece, para mostrar ao mundo de onde os outros mártires do futuro tinham de receber a força e firmeza na hora de tão grande provação. (Lede SI 121).

Expulsando-o da cidade… (v.58): Como seu Mestre, Estêvão e todos os discípulos, têm de sair fora do acampamento (Hb 13.12,13; João 19.17; Nm 5.1-3): fora da sociedade dos seus amigos, fora da sabedoria carnal, fora da religião que domina…

Depuseram os seus vestidos aos pés de um mancebo chamado Saulo (v.58): E a primeira vez em encontrar o nome de Saulo – mas não a última! O jovem, Saulo, nunca se esqueceu desta cena da morte de Estevão, mas longos anos depois fez menção dela, Atos 22.19,20; 1 Tm 1.12-17. Dizia S. Agostinho: “Foi em resposta à oração de Estêvão (v.60) que a Igreja ganhou Paulo”.

Senhor Jesus… (v.59): Note-se como Estêvão dirigiu sua oração diretamente a Cristo. A forma mais usada é a Deus em o nome de Jesus. Contudo, vede João 14.14; Atos 7.60; 1 Co 1.2; Atos 9.14,21; Ap 22.20. (Compare Fp 2.9-11). A oração dirigida ao Senhor Jesus parece um característico de todos os avivamentos em todo o mundo.

E tendo dito isto, adormeceu (v.60): Estêvão, ao dizer isto, foi atingido por uma pedrada mortal.
Adormeceu aqui, acordou na eternidade ao lado de Jesus.

Comentário de Orland S. Boyer

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